segunda-feira, 13 de julho de 2009

António de Almeida Brandão

Sendo avesso a condecorações e vaidades, foi, nas palavras de Moisés Espírito Santo (Prof. Catedrático de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa), «um defensor da Terra, agente de desenvolvimento e encorajador da cultura, foi uma personalidade forte e marcante». Escreveu: «Nunca fiz, nem quero que alguém faça outro conceito de mim, neste particular, a não ser o de um homem que trabalhou, quanto lhe foi possível, pelo progresso da sua terra, tendo em vista os limitados meios de que então dispunha e a precariedade das circunstâncias. E quem assim procede, apenas cumpre o seu dever. Dever que é mesmo uma obrigação, a que cada um, como membro da sociedade a que pertence, está sujeito.» «Se todos pusessem, à disposição do seu semelhante e da sua terra, os dotes e as possibilidades próprias (cada um conforme a riqueza interior que o distingue) outra, bem diferente, seria a sorte da Humanidade, de todos que dela fazem parte. Sem dúvida que haveria mais progresso, mais bem-estar e felicidade para todos.»
António de Almeida Brandão nasceu na Casa de Telarda, em 26 de Abril de 1893. Concluiu o Curso Teológico no Seminário do Porto em 21 de Junho de 1915, mas, não chegou a “efectivar matrimónio” com a Igreja.Casou, isso sim, com Florinda Joaquina de Azevedo de quem teve oito filhos: Óscar de Azevedo Brandão, Ângelo de Almeida Azevedo, Lilita de Almeida Brandão, Elísio de Almeida Azevedo, Zulmira de Almeida Azevedo, António de Almeida Azevedo Brandão, Joaquim de Azevedo Brandão e Manuel de Azevedo Brandão. Em Rossas, foi secretário das Juntas de Freguesia, presididas por José Soares de Pinho Brandão e António Duarte Amaral (1927 a 1938). Durante muitos anos foi Tesoureiro da Comissão de Festas de Nossa Senhora do Campo.O primeiro cargo público de relevo que exerce é o de Vogal da Câmara Municipal, para o qual foi nomeado por alvará de 22 de Novembro de 1934, tomando posse a 1 de Dezembro desse mesmo ano. Ficando este mandato na memória de todos os Arouquenses pela electrificação do concelho que nesses mesmos anos se iniciou. Dado que o então Presidente da Câmara, Alfredo Vaz Pinto, se encontrava num estado de saúde bastante debilitado devido ao peso da idade, António de Almeida Brandão, é convidado para o cargo de Vice-Presidente, com o compromisso de o vir a substituir, em actividade de funções, a partir do acto de posse. Pelas razões apontadas, em Fevereiro de 1941, assume as acordadas funções. Em Novembro, desse mesmo ano, é nomeado, pela primeira vez, Presidente da Câmara, vindo a tomar posse em 31 de Dezembro de 1941.
Não haveria de ser um mandato fácil, vivíamos em plena Segunda Guerra Mundial e tudo faltava, até o milho que neste meio, normalmente, chegava para acorrer às necessidades. Faltavam, também, os géneros alimentícios nas mercearias e os produtos para a Lavoura, o que implicava uma rateação do pouco que havia. Tudo faltava e até mesmo o tabaco não escapou à crise, ao passo que, paradoxalmente, a vila, Rio de Frades, Alvarenga e Regoufe viviam áureos dias derivado à extracção de Volfrâmio nas Minas aí existentes.
Mas se este primeiro mandato não foi fácil, o segundo não haveria de ser muito melhor. Se naquele se vivia as dificuldades provocadas pela Segunda Grande Guerra, este (1962-1970) haveria de ficar marcado pela Guerra Colonial, que, envolvendo grandes custos para o Estado Nacional, implicaria uma redução drástica nos benefícios a conceder às Câmaras Municipais.
Contudo, este mandato haveria de encontrar o seu cunho na construção de edifícios escolares e significativas obras públicas em todas as freguesias do Concelho.Foi neste mandato e depois de uma remodelação que, a seu convite, entrou em funções, na qualidade de Vice-Presidente, o Prof. Joaquim Brandão de Almeida, que mais tarde viria a suceder-lhe na Presidência.
No exercício das suas funções, como Presidente da Câmara Municipal, deu inicio ao certame da Feira das Colheitas, que se realizou pela primeira vez no último fim-de-semana de Setembro de 1944.
Com o falecimento de Amadeu Valente de Almeida, o Semanário “Defesa de Arouca” fica sem director e deixa de publicar-se desde 27 de Fevereiro de 1952 a 7 de Maio de 1955. Dada a falta daquele Semanário, um grupo de arouquenses, encabeçado pelo Banqueiro Pinto de Magalhães, resolve editar o periódico, convidando para seu Director António de Almeida Brandão. O primeiro número desta II Série daria à estampa em 7 de Maio de 1955.
Foi Director e Gerente da Cooperativa de Lacticínios fundada em Arouca, de 1953 a 1967 (gerente de 1953 a 1965 e Director até 1967).
Com a inauguração do Hospital novo (da Misericórdia) em 30 de Março de 1960, a 17 de Julho desse mesmo ano, realiza-se uma reunião de irmãos com o fim de eleger uma nova Mesa. António de Almeida Brandão integra uma Lista única, pela qual vem a ser eleito Mesário da Santa Casa da Misericórdia de Arouca, até 19 de Julho de 1969. Os últimos anos da sua vida dedicou-os a escrever as "Memórias de Um Arouquense". Faleceu no dia 16.I.1986, no lugar de Eidim, freguesia de Rossas.
 
Fontes:
BRANDÃO DE PINHO, A. J., ROSSAS - Inventário Natural, Patrimonial e Sociológico, Edição Policopiada, Rossas 2010.
Sobre António de Almeida Brandão: Wikipédia

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