segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dom Leonardo de Sousa Brandão

Nasceu a 12 de Outubro de 1767, na casa da Tulha, freguesia de Várzea, concelho de Arouca. Era filho do Capitão Manuel de Almeida Brandão, e de sua mulher Angélica Margarida de Almeida e Sousa, da vizinha casa da Vinha do Souto, da mesma freguesia. Entre os seus irmãos, onde se destacava Dâmaso de Sousa Brandão e Manuel Joaquim de Sousa Brandão, Capitão da Ordem de Malta, Leonardo era o 7.º filho em ordem de idades.
Desde criança foi inclinado ao estado eclesiástico, e entrou na Congregação do Oratório, cujo instituto professou no Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção, na cidade de Braga, aonde recebeu o grau de mestre. Dedicou-se logo às missões e percorreu evangelizando, com grande proveito dos fiéis, vários pontos do país.
Passou depois a Lisboa, residindo como hóspede na casa do Espírito Santo pertencente à sua corporação, donde foi chamado ao Paço para confessor da rainha D. Carlota Joaquina e de sua filha, a infanta D. Maria da Assunção.
Em 1824 nomeou-o el-rei D. João VI para um dos bispados do ultramar. Dignidade que recusou. Oito anos mais tarde, em 1832, tendo de prover-se de prelado a diocese de Pinhel, vaga por falecimento de Dom Bernardo Bernardino Beltrão, recaiu a escolha do príncipe reinante no Pe. Leonardo de Sousa Brandão, que naquele mesmo ano, ou nos princípios do seguinte, foi confirmado pela Santa Sé.
Achando-se em 1833 o senhor D. Miguel em Braga, ali chamou o novo bispo de Pinhel, o qual, em seguida, andou visitando e administrando o Sacramento da Confirmação por diferentes terras do Alto Minho. Nos fins desse mesmo ano fez a entrada solene na sua diocese, mas, apenas decorridos cinco meses, teve de retirar-se ante a invasão liberal, refugiando-se na terra da sua naturalidade, onde, bem como nos concelhos de Vale de Cambra e Castelo de Paiva, por espaço de quase cinco anos, andou vagueando, escondido e perseguido.
Durante aquela calamitosa época levantava altares nas casas, que lhe davam asilo, e ali celebrava ou mandava celebrar missa, fazendo também, a ocultas, algumas ordenações de presbítero e outras ordens.
Como se já não bastasse, é acometido por uma grave doença, que o faz cair no leito da sua casa natal a cuidados de seu irmão Dâmaso de Sousa Brandão. Nem ao menos puderam ser-lhe prestados os socorros da medicina, com receio de que fosse descoberto o seu paradeiro, e abreviada talvez a sua existência, por algum acto violento do partido dominante.
No dia 28 de Abril de 1838 soou enfim para Dom Leonardo de Sousa Brandão a sua última hora, vindo a morte liberta-lo do estado atribulado em que por longos cinco anos vivera.Com receio de represálias, os restos mortais do venerado prelado, foram conduzidos por sua família, de noite e às escondidas, à igreja de Várzea, onde se lhe deram sepultura, sendo, posteriormente, trasladados para o cemitério anexo.Dom Leonardo Brandão, o segundo dos três bispos que Arouca deu à Igreja, era muito versado nas ciências eclesiásticas, com especial predilecção pela Teologia Mística. Escreveu e publicou em 1823 uma obra intitulada “Ramalhete de Mirra composto dos mais ternos pensamentos e maviosos suspiros da Mãe de Deus aflicta, para contemplar suas sete dores”. Já antes, mas de forma anónima, havia dado à luz, um outro escrito sob o título de "Comunhão Perfeita".
 
Fonte: PINHO LEAL, Portugal Antigo e Moderno, Volume X, pág.211 e 212.

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