terça-feira, 14 de julho de 2009

Marcos de Malta

A actual freguesia de Rossas, no concelho de Arouca, foi uma das primeiras Comendas da Ordem de Malta em Portugal. Durante muito tempo andaram-lhe associadas as Comendas de Rio Meão (c. Santa Maria da Feira) e Frossos (c. de Albergaria-a-Velha) de que, enquanto tal, foi cabeça de Comenda.
Os aspectos mais emblemáticos dessa pertença encontramo-los na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Conceição, onde ainda hoje se ostenta o brasão do mais renomado Comendador e Grão-Mestre da Ordem, D. António Manuel de Vilhena, a fechar o altar-mor desta referida Igreja.
Nos limites da freguesia, encontram-se ainda cerca de três dezenas dos marcos que delimitavam a extinta Comenda.
Os territórios pertencentes à Ordem de Malta eram delimitados com Marcos de Pedra em todo o seu redor. A imagem supra é de um desses marcos, que ainda hoje se encontra no seu local original (perto das alminhas da Pedra Boa), nos limites da freguesia de Rossas, concelho de Arouca. De resto, ainda recentemente (de 2003 a 2005) foram achados e inventariados 22 marcos dos 46 referidos no Auto de Demarcação de 1630. Na maior parte dos casos, encontram-se no sítio original e em bom estado de conservação.
"A demarcação de 1630 foi realizada em três etapas. Iniciou-se no dia 18 de Janeiro desde a Ponte Ribeira até à Pedra Má, pelo lado de Santa Marinha de Tropeço e Várzea; continuou no dia seguinte, partindo da pedra Má até ao rio que vem da Póvoa, dividindo Rossas das freguesias de Várzea e S. Miguel de Urrô; ultimou-se no dia 16 de Fevereiro, começando “na banda d’alem do rio da Póvoa ao fundo do Alqueve” e terminando na Ponte Ribeira, dividindo Rossas da parte que faltava de S. Miguel de Urrô e das freguesias de Cepelos e Chave. No decorrer de toda a linha divisória foram levantados quarenta e um marcos e, além disso, abriram-se cinco hábitos de Malta em penedos existentes nos limites. Os marcos, com excepção talvez de dois, eram de granito com forma de paralelepípedos e com uma das faces trabalhada. Na parte superior desta face sobressai, duma zona circular cavada, uma cruz de Malta em relevo. Logo abaixo do círculo abriu-se em todos a data 1629. Nos penedos aproveitados como marcos abriu-se apenas o hábito, isto é, cavou-se um círculo deixando a cruz em relevo, e gravou-se por baixo a mesma data.
A face trabalhada dos marcos ficou voltada para as terras da freguesia e a direcção da esquina direita dessa face, indicava o sentido da divisória, segundo a ordem da colocação dos marcos. Dos que sobejam, nem todos estão de acordo com esta orientação.
A demarcação realizou-se em 1630. Os marcos têm gravado a data 1629. Tinham sido preparados nesse ano e com tal data, na ideia de que a demarcação se realizaria em 1629. Foi adiada para 1630. Daí, a divergência da data gravada nos marcos com a data da demarcação.
Para além desta, nesta Comenda, foram ainda realizadas Demarcações em 1656, 1702 e 1769."

in "Rossas - Inventário Natural, Patrimonial e Sociológico",
de A. J. Brandão de Pinho.

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