domingo, 12 de julho de 2009

Matriz de Moldes (Santo Estêvão de)

Diz-se que nos princípios do século VIII, quando os árabes senhorearam a Península, já no vale de Moldes existiam duas igrejas: S. Pedro de Arouca e Santo Estêvão de Moldes; contudo, sabe-se que a instituição das duas igrejas naquele tempo é pouco provável, pois a invocação a Santo Estêvão aparece somente a partir do começo do século XI, e a igreja de S. Pedro foi fundada no princípio do século IX, como origem do célebre mosteiro instituído no Vale de Moldes. O referido Mosteiro foi fundado por Loderigo e Vandilo, filhos do senhor de Moldes que viveu na altura em que os frutos da restauração e povoamento da região de Lamego, por D. Afonso III das Astúrias, conduziram Ordonho II determinação de fazer entrar o bispo de Lamego com a posse dos antigos domínios territoriais da região, entre os quais alguns do vale de Moldes. O bispo terá reclamado os seus bens ao senhor de Vale de Moldes que se recusou a entregá-los, arrastando-se a questão durante vários anos até que Loderigo e Vandilo, já senhores da terra de Moldes e solicitados várias vezes para a entrega à Sé dos bens reclamados pelo bispo de Lamego, resolveram fundar no vale de Moldes, o célebre Mosteiro de S. Pedro de Arouca, que iria servir de paroquial dos povos que por ali estanciavam e ao qual deixariam aqueles bens. Depois da morte de Loderigo e Vandilo, os seus descendentes venderam-no aos famosos D. Ansur e D. Eileuva, dominadores do território arouquense; este casal aumentou o mosteiro e fez-lhe a doação da "villa" de S. Pedro, limitada pelo "rio de Mólides". Todavia, existia em Moldes uma outra igreja, da invocação de Santa Maria, que ao que parece foi doada indevidamente aos monges, no ano de 925, certamente pelos supracitados irmãos Loderigo e Vandilo. A documentação medieval relativa a Moldes é abundante e bastante clara; na "História Eclesiástica de Portugal", a propósito das vicissitudes por que passariam os templos nas zonas disputadas entre cristãos e muçulmanos na época da Reconquista, Monsenhor Miguel de Oliveira refere que a antiga Igreja de Santa Maria foi destruída e a freguesia despovoada, aquando da invasão sarracena: "venerunt sarraceni cecidit ipso territorio in herematione et fuit ipsa ecclesia destructa. "; é ainda referido que no ano 1001, se dava o seu repovoamento pelos cristãos e a reconstrução do templo, de invocação de Santo Estêvão (e já não de Santa Maria) onde guardaram as relíquias de Santa Maria e de Santo Estêvão. A respeito da igreja do local, reedificada sob a invocação de Santo Estêvão, surge a 26 de Novembro de 1091, uma acesa questão entre o Mosteiro de Arouca e D. Gontina Eriz, senhora da terra de Moldes e vizinhas. O caso foi levado perante o alvazil Sisnando, governador do Condado Conimbricense, que delegou os seus poderes em Cidi Freariz; este reuniu em Alpendurada um concílio para resolver a questão, sentenciando a favor do mosteiro, nas pessoas do abade Godinho e seu irmão Afonso. Para conseguir a independência corno freguesia, Moldes teve que esperar ate a época liberal, uma vez que, para além de se encontrar dependente do cenóbio de Arouca, teve desde sempre a forte oposição das freiras, à sua autonomia. Em 1820, principiaram finalmente os verdadeiros esforços da população de Moldes, no sentido da criação de uma freguesia própria, independente da de Arouca; em Setembro de 1844, o Bispo de Lamego, D. José de Moura Coutinho, deu parecer favorável a esta pretensão da população local e por portaria de 31 de Dezembro de 1845, foi então criada a freguesia de Moldes que deixava de fazer parte da freguesia de Arouca, para passar a integrar o concelho com o mesmo nome. Moldes pertenceu a diocese de Lamego ate 1882, ano em que passou a integrar a diocese do Porto. Fonte: Site Oficial da Junta de Freguesia de Moldes

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